Há dez dias que chovia sem parar.
A água cobria os campos, engrossava os rios e inundava as cidades.
Os nossos cinco primos, que moram no mesmo prédio mas em diferentes andares, já não saíam há dias e, das janelas das suas casas, assistiam àquela zanga da natureza. Parecia que lá nas nuvens alguém tinha aberto uma torneira e se tinha esquecido de a fechar. Passados dez dias de chuva a cântaros - «a cântaros» quer dizer muita chuva -, aquela rua parecia um rio. Isto é que era uma inundação! Os bombeiros, sempre prontos a ajudar, apareceram com barcos de borracha para as pessoas se poderem transportar.
Uma manhã, de repente, deixou de chover, mas a água não baixava. Aqui e além viam-se os tejadilhos dos automóveis, as árvores só tinha as copas à mostra e os candeeiros pareciam bóias de luz a enfeitar as águas. Ao décimo dia, estava a Mariana à janela de casa, mesmo com a água a passar ao alcance das mãos, quando se ouviu um ladrar de socorro!
Em cima de uma árvore, um cão preto e branco tentava equilibrar-se para não cair à água.
A Mariana e a Francisca nem perderam tempo:
- Vamos salvar aquele canito senão ainda se afoga!
Por baixo da janela ia a passar um dos barcos de borracha dos bombeiros e as nossas primas entraram logo em acção:
Por baixo da janela ia a passar um dos barcos de borracha dos bombeiros e as nossas primas entraram logo em acção:
- Ó senhor bombeiro, pare aqui e dê-nos boleia.
E logo as duas se atiraram para dentro do barco.
O motor começou a roncar em alta velocidade e, passados instantes, estavam junto do cão aflito.
Um salto para dentro do barco e o animal foi salvo. A alegria era tanta que começou a lamber a cara das primas. Lambuzadas e felizes, já vinham de volta para casa quando ouviram o Max e o Xavier aos gritos:
- Ó primas, ó primas, olhem para aquela família de gatos ali ao fundo.
O Max e o Xavier, lá do segundo andar, tinham avistado uma família de gatos a boiar dentro de um caixote de fruta. Quando o barco passou pela casa dos primos, o Max e o Xavier desceram pendurados pelos lençóis das camas e saltaram lá para dentro.
- Depressa, vamos salvar os gatos! - gritou o Max, que adora bichanos.
O barco lá partiu a toda a velocidade e, em pouco minutos, a família dos gatos era salva mesmo no momento em que o caixote se afundava.
Mas a aventura ainda não tinha acabado. Lá no terceiro andar, o Lourenço tinha visto um papagaio numa gaiola do prédio em frente a tremer de medo aos berros:
- Tirem-me daqui que já tenho as patas molhadas!
Sim, porque os papagaios falam como as pessoas.
Com a ajuda de uma cana de pesca muito comprida, o Lourenço conseguiu tirar o papagaio da gaiola inundada e desceu com ela para dentro do barco.
E assim, no espaço de minutos, estavam naquele barco de borracha: os primos, um cão, um gato, uma gata e três gatinhos, um papagaio e...
«A nova Arca de Noé - Cabem sempre mais cinco»
de Júlio Isidro
ASA
Olá, colegas!
ResponderEliminarSeria pedir-vos muito que aqui colocassem a barrinha dos seguidores? Gostei tanto de aqui vir!
Bji
Estela (Cristelo-Paredes)